Este blog é direcionado para os alunos da Escola Municipal Genildo Miranda no Sítio Lajedo em Mossoró-RN, para os alunos da Escola Estadual Rui Barbosa no município de Tibau-RN, para todos aqueles amantes da Educação Geográfica e também para os que se propõem a discussão de uma Educação contextualizada.

domingo, 15 de maio de 2011

Mar ácido

A centenas de metros da cena anterior, o CO2 borbulha de fendas vulcânicas e eleva a acidez da água a níveis que podem um dia predominar em todos os oceanos. Tapetes opacos de algas tomam o lugar da diversidade colorida - um alerta claro, segundo os cientistas.  

Castello Aragonese é uma ilha minúscula que se ergue abruptamente do mar Tirreno. Situada 27 quilômetros a oeste de Nápoles, dá para chegar ali de uma ilha vizinha um pouco maior, Ischia. O que atrai os turistas a Castello Aragonese é a vida tal como era no passado, no imponente castelo que abriga uma mostra de instrumentos de tortura medievais. Em contraste, os cientistas que visitam a ilha estão mais interessados em saber como será a vida no futuro. 
Devido a uma anomalia geológica, o mar ao redor de Castello Aragonese nos permite vislumbrar os oceanos em 2050 e mesmo depois. Bolhas de CO2 se elevam de fendas vulcânicas no leito marinho e se dissolvem formando ácido carbônico. É um ácido relativamente fraco: o mesmo que ingerimos em refrigerantes gasosos. No entanto, em maior concentração, ele torna corrosiva a água do mar. "Um nível muito elevado de CO2 é intolerável a quase todos os seres vivos", explica o biólogo Jason Hall-Spencer, da Universidade de Plymouth, na Inglaterra. E Castello Aragonese é um exemplo natural de um processo nada natural: a mesma acidificação existente em torno da ilha vem ocorrendo pouco a pouco em todos os oceanos, à medida que absorvem cada vez mais o dióxido de carbono emitido por escapamentos e chaminés.

Há oito anos Hall-Spencer estuda o mar ao redor da ilha, medindo as propriedades da água e fazendo o levantamento dos peixes e corais. Em um gélido dia de inverno, saio para nadar com ele e a cientista italiana Maria Cristina Buia a fim de examinarmos de perto os efeitos da acidificação. Antes de entrar na água já notamos seu impacto. Aglomerados de cracas formam uma faixa esbranquiçada na base dos penhascos fustigados pelas ondas. "As cracas são muito resistentes", diz Hall-Spencer. Mas, nas áreas em que o mar estava mais ácido, elas haviam desaparecido.

Todos mergulhamos. Com uma faca, Maria Cristina extrai de uma rocha algumas lapas desventuradas. Em busca de alimento, elas haviam entrado em uma área na qual a água era cáustica demais. Tão finas eram as conchas que chegavam a ser quase transparentes. Bolhas de dióxido de carbono escapavam em abundância do leito do mar, como gotas de mercúrio. Continuamos a nadar, passando sobre leitos de relva marinha ondulante. A relva era de um verde muito vívido, pois os minúsculos organismos que normalmente recobrem as folhas, esmaecendo a sua cor, estavam ausentes. Tampouco havia ouriços-do-mar - eles não toleram nem mesmo água moderadamente ácida. Enxames de águas-vivas quase translúcidas passaram flutuando.
 

Fonte: National Geographic Brasil.

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