Este blog é direcionado para os alunos da Escola Municipal Genildo Miranda no Sítio Lajedo em Mossoró-RN, para os alunos da Escola Estadual Rui Barbosa no município de Tibau-RN, para todos aqueles amantes da Educação Geográfica e também para os que se propõem a discussão de uma Educação contextualizada.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Necessidade de qualificar

Entre os principais fatores apontados como causas das deficiências do ensino público no País, figura a falta de qualificação dos professores, exatamente no campo das disciplinas que eles ensinam. O último censo escolar revelou que apenas um entre quatro professores de Física é formado na área, enquanto em Química a proporção é de um terço. No Brasil, ocorre uma bem maior ênfase nos aspectos genéricos do ensino do que na preocupação de fornecer melhores níveis de preparo em setores específicos.

Pelo próprio conhecimento rarefeito em relação à matéria ministrada, boa parte dos professores, inclusive desestimulados por baixos salários, não se encontra em condições de transmitir aos estudantes um nível de conhecimentos em parâmetros desejáveis. Mesmo com certa experiência adquirida na prática, isso não é suficiente para suprir os requisitos básicos que só um efetivo sistema de aprendizado pedagógico pode proporcionar.

Uma das sugestões para que esse quadro de carência se reverta é apontada por especialistas na área educacional: a necessidade de os futuros professores passarem por testes que lhes avaliem os conhecimentos sobre a matéria escolhida e possam aferir seu preparo, de modo mais abrangente, para o exercício da docência. Vários países adotam esse critério para assegurar básicos padrões de qualidade ao Magistério. Em alguns deles, também vigora a prática da certificação teórica em estágios probatórios, nos quais o futuro mestre precisa mostrar suas aptidões, antes do recebimento definitivo de seus diplomas.

Segundo pesquisa, apenas 8% dos professores das grandes cidades brasileiras afirmam haver entrado por acaso na profissão. Do total pesquisado, 78% declararam sentir orgulho de ser mestre. Tais dados contribuem para reforçar a tese de que o problema maior reside na necessidade de uma mudança quanto à formação de professores advindos de universidades públicas, cujo território por vezes parece até mesmo ser temido pelo Estado, quando a questão se prende à adoção de medidas mais eficazes de aperfeiçoamento.

Em paralelo, tem persistido crônico descaso quanto à verdadeira importância da educação no processo do desenvolvimento, tema somente abordado retoricamente no início de cada planejamento governamental, mas depois geralmente destituído de sua imprescindível prioridade, quase sempre sob alegações circunstanciais ou, mesmo, por pura e injustificável omissão. Um dos detalhes fundamentais, em relação ao procedimento das almejadas reformas no ensino público, seria conscientizar, junto aos mestres, sobre a necessidade de trazer a realidade objetiva da vida cotidiana para as salas de aula, sem subestimar a do processo teórico, mas, também, sem atribuir-lhe relevância exagerada.

Os jovens não deveriam ser apenas transformados em repositórios vivos de um amontoado de teorias, embora transmitidas por exímios professores em suas áreas de ensino, porém, do mesmo modo, precisam ser estimulados a confrontar esse aprendizado estático com a realidade prática dentro da qual ele lhes possa ser útil e produtivo.


Fonte: Texto publicado na coluna Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 28/03/11.

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