A Praia do Icaraí está recebendo uma ação de contenção ao longo de 1.370 metros. No local já existe destruição de imóveis FOTO: KID JÚNIOR |
A Assembleia Legislativa debate o desaparecimento de praias cearenses por conta do avanço do mar
Imóveis desvalorizados, estabelecimentos comerciais fechados e, principalmente, abandono dos banhistas. Essa é a realidade atual das praias de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, especialmente as de Iparana, Pacheco e Icaraí.
Esse trecho do litoral cearense, que se encontra em estado avançado de degradação, será um dos temas a ser discutido hoje pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa. Em audiência pública, deputados, técnicos e populares irão debater a erosão costeira e o aquecimento global. O evento, em comemoração ao Dia do Geólogo, acontece às 14h30, no Complexo de Comissões Técnicas da Casa.
Para moradores e comerciantes das localidades de Iparana e Pacheco o tema é mais que oportuno, em vista das perdas que a área vem sofrendo com contínuo avanço do mar e a ausência de políticas públicas para conter a erosão.
Efetivamente, estão sendo desenvolvidas ações de contenção no Icaraí, numa faixa de 1.370 metros, onde foi introduzida a técnica de "bag wall" ou "barramar", obra que despendeu R$ 8 milhões, recursos do Governo Federal, através do Ministério da Integração Nacional.
No entanto, para a comunidade local é muito pouco ainda o que vem sendo feito. O comerciante Joaquim Lima Silva, proprietário da barraca "O Odorico", localizado em Iparana, por exemplo, diz que vem amealhando prejuízos significativos ao longo de uma década.
O comércio sofreu um recuo de 100 metros e nem assim deixou de ser atingido pelas marés, que já destruíram colunas e até a coberta rústica feita de palha de carnaúba. "Somente não quebrei porque sobrevivo também da aposentadoria", disse o comerciante de 62 anos e há 18 atuando naquele trecho da orla marítima do Ceará.
Também com uma barraca em Iparana, Francisco da Silva Moreira, 48 anos, reclama que a ação vem sendo desenvolvida somente no Icaraí, negligenciado as praias vizinhas e que são as mais sofridas com a degradação ambiental.
"O que nós queríamos é que a mesma determinação empreendida no Icaraí fosse também extensiva à nossa praia e ao Pacheco", afirmou. Por enquanto, ele lembra que o lugar foi naturalmente esquecido pelos banhistas, exatamente pela falta de faixas de praias.
Menos grave
Na verdade, a situação em Iparana é menos grave uma vez que há uma década um extenso paredão de pedra foi construído no entorno do Sesc, o que evitou que as águas marinhas avançassem sobre as edificações.
Já a praia do Pacheco, teve menos sorte. A força das águas deixou um rastro de destruição. São ruínas de casas, barracas e restaurantes. Para o morador do Pacheco, Paulo César Gonçalves Pereira, 28 anos, houve um descaso que se prolongou por anos. "Somente agora resolveu se tomar providências, mas são intervenções isoladas e que não abrangem todo o litoral de Caucaia", salientou.
Debate
As atividades que acontecem hoje na Assembleia Legislativa, visam envolver profissionais em um debate sobre os assuntos de importância, no que diz respeito ao meio ambiente do nosso Estado", justificou o responsável pela audiência, deputado Lula Moraes (PCdoB).
Foram convidados para o evento representantes da Associação dos Profissionais de Geologia do Ceará; do Conselho Regional de Engenharia (Crea), Arquitetura e Agronomia do Estado; Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará, Departamento de Geologia da Unifor, entre outros.
Enquete
O que está faltando?
"A Praia de Iparana tinha tudo para ser uma das mais bem frequentadas por ser um lugar seguro. Infelizmente, não é"
José Maria Façanha, 62 ANOS Aposentado
"Lamento muito que a praia esteja degradada, porque não permite banhos. Venho para cá, apenas para contemplar o lugar"
Airton de Andrade Lima, 85 ANOS Aposentado
OBRAS
Ações vão abranger seis quilômetros de praia
As ações de contenção do mar não ficarão restritas ao Icaraí. A ideia é que também abranja uma faixa de seis quilômetros lineares, o que incluirá as praias do Pacheco e Iparana e ainda a Tabuba e o Cumbuco.
A informação é do secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Caucaia, Solano Lopes. Ele explicou que a primeira fase, que envolve 1.350 metros de praia no Icaraí, deverá ficar concluída entre o final de julho e começo de agosto deste ano.
"Essa obra foi orçada em R$ 8 milhões e os recursos foram assegurados pelo Ministério da Integração Nacional. Agora, falta verba para contemplar o restante do trecho que se encontra degradado", afirmou.
Mais recursos
Para a execução do barramar (ou bag wall), de toda a extensão em Caucaia, serão necessários mais R$ 37 milhões. Por enquanto, os recursos ainda não foram assegurados e, não há um cronograma para a retomada da obra do trecho que vai além do Icaraí.
De acordo com Solano Lopes, a tecnologia empregada, conhecida internacionalmente como "bag wall" teve grande eficiência em praias da Europa e já foi empregada no litoral nordestino. Contudo, destaca que os recursos elevados são o principal entrave para maior agilidade das obras de recuperação de áreas marinhas degradadas.
"O prefeito de Caucaia, Washington Gois, vem se empenhando junto ao Governo Federal para a liberação das verbas e creio que não haverá descontinuidade", afirmou o secretário.
Solano diz que na primeira fase houve avanços na retomada de áreas de praias no Icaraí. Em alguns trechos foram construídas muradas de frente para o mar. Para os comerciantes a preocupação continua, uma vez que os efeitos mais danosos sobre as edificações ocorrem em agosto, quando os ventos são mais fortes.
Imóveis desvalorizados, estabelecimentos comerciais fechados e, principalmente, abandono dos banhistas. Essa é a realidade atual das praias de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, especialmente as de Iparana, Pacheco e Icaraí.
Esse trecho do litoral cearense, que se encontra em estado avançado de degradação, será um dos temas a ser discutido hoje pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa. Em audiência pública, deputados, técnicos e populares irão debater a erosão costeira e o aquecimento global. O evento, em comemoração ao Dia do Geólogo, acontece às 14h30, no Complexo de Comissões Técnicas da Casa.
Para moradores e comerciantes das localidades de Iparana e Pacheco o tema é mais que oportuno, em vista das perdas que a área vem sofrendo com contínuo avanço do mar e a ausência de políticas públicas para conter a erosão.
Efetivamente, estão sendo desenvolvidas ações de contenção no Icaraí, numa faixa de 1.370 metros, onde foi introduzida a técnica de "bag wall" ou "barramar", obra que despendeu R$ 8 milhões, recursos do Governo Federal, através do Ministério da Integração Nacional.
No entanto, para a comunidade local é muito pouco ainda o que vem sendo feito. O comerciante Joaquim Lima Silva, proprietário da barraca "O Odorico", localizado em Iparana, por exemplo, diz que vem amealhando prejuízos significativos ao longo de uma década.
O comércio sofreu um recuo de 100 metros e nem assim deixou de ser atingido pelas marés, que já destruíram colunas e até a coberta rústica feita de palha de carnaúba. "Somente não quebrei porque sobrevivo também da aposentadoria", disse o comerciante de 62 anos e há 18 atuando naquele trecho da orla marítima do Ceará.
Também com uma barraca em Iparana, Francisco da Silva Moreira, 48 anos, reclama que a ação vem sendo desenvolvida somente no Icaraí, negligenciado as praias vizinhas e que são as mais sofridas com a degradação ambiental.
"O que nós queríamos é que a mesma determinação empreendida no Icaraí fosse também extensiva à nossa praia e ao Pacheco", afirmou. Por enquanto, ele lembra que o lugar foi naturalmente esquecido pelos banhistas, exatamente pela falta de faixas de praias.
Menos grave
Na verdade, a situação em Iparana é menos grave uma vez que há uma década um extenso paredão de pedra foi construído no entorno do Sesc, o que evitou que as águas marinhas avançassem sobre as edificações.
Já a praia do Pacheco, teve menos sorte. A força das águas deixou um rastro de destruição. São ruínas de casas, barracas e restaurantes. Para o morador do Pacheco, Paulo César Gonçalves Pereira, 28 anos, houve um descaso que se prolongou por anos. "Somente agora resolveu se tomar providências, mas são intervenções isoladas e que não abrangem todo o litoral de Caucaia", salientou.
Debate
As atividades que acontecem hoje na Assembleia Legislativa, visam envolver profissionais em um debate sobre os assuntos de importância, no que diz respeito ao meio ambiente do nosso Estado", justificou o responsável pela audiência, deputado Lula Moraes (PCdoB).
Foram convidados para o evento representantes da Associação dos Profissionais de Geologia do Ceará; do Conselho Regional de Engenharia (Crea), Arquitetura e Agronomia do Estado; Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará, Departamento de Geologia da Unifor, entre outros.
Enquete
O que está faltando?
"A Praia de Iparana tinha tudo para ser uma das mais bem frequentadas por ser um lugar seguro. Infelizmente, não é"
José Maria Façanha, 62 ANOS Aposentado
"Lamento muito que a praia esteja degradada, porque não permite banhos. Venho para cá, apenas para contemplar o lugar"
Airton de Andrade Lima, 85 ANOS Aposentado
OBRAS
Ações vão abranger seis quilômetros de praia
As ações de contenção do mar não ficarão restritas ao Icaraí. A ideia é que também abranja uma faixa de seis quilômetros lineares, o que incluirá as praias do Pacheco e Iparana e ainda a Tabuba e o Cumbuco.
A informação é do secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Caucaia, Solano Lopes. Ele explicou que a primeira fase, que envolve 1.350 metros de praia no Icaraí, deverá ficar concluída entre o final de julho e começo de agosto deste ano.
"Essa obra foi orçada em R$ 8 milhões e os recursos foram assegurados pelo Ministério da Integração Nacional. Agora, falta verba para contemplar o restante do trecho que se encontra degradado", afirmou.
Mais recursos
Para a execução do barramar (ou bag wall), de toda a extensão em Caucaia, serão necessários mais R$ 37 milhões. Por enquanto, os recursos ainda não foram assegurados e, não há um cronograma para a retomada da obra do trecho que vai além do Icaraí.
De acordo com Solano Lopes, a tecnologia empregada, conhecida internacionalmente como "bag wall" teve grande eficiência em praias da Europa e já foi empregada no litoral nordestino. Contudo, destaca que os recursos elevados são o principal entrave para maior agilidade das obras de recuperação de áreas marinhas degradadas.
"O prefeito de Caucaia, Washington Gois, vem se empenhando junto ao Governo Federal para a liberação das verbas e creio que não haverá descontinuidade", afirmou o secretário.
Solano diz que na primeira fase houve avanços na retomada de áreas de praias no Icaraí. Em alguns trechos foram construídas muradas de frente para o mar. Para os comerciantes a preocupação continua, uma vez que os efeitos mais danosos sobre as edificações ocorrem em agosto, quando os ventos são mais fortes.
MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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