Conflitos no Egito fizeram a região ganhar destaque. Depois de 18 dias de protestos, o general Hosni Mubarak (no poder há 30 anos) deixou o cargo em 11 de fevereiro. |
Levantes populares na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen tomaram conta do noticiário internacional. Saiba como trabalhar esses fatos, que estão marcando a história mundial.
Tudo começou em dezembro de 2010, na Tunísia, quando um jovem ateou fogo ao próprio corpo após a polícia fechar sua fonte de renda, uma banca de frutas e verduras. O caso, potencializado por denúncias de corrupção do governo, deflagrou uma onda de levantes populares contra o desemprego, a pobreza e a inflação galopante. Em 14 de janeiro, o presidente Zine Al-Abidine Ben Ali (no poder desde 1987) deixou o país.
Com o sucesso do evento, outras manifestações eclodiram em terras do norte da África e do Oriente Médio. No Egito, a nação mais inf luente da região, 18 dias de protestos foram suficientes para que, em 11 de fevereiro, o general Hosni Mubarak (presidente no poder havia 30 anos) também deixasse o território e o cargo. Os militares, que se recusaram a lutar contra os civis, assumiram o governo interinamente e ainda devem influenciar o processo de transição.
Na Líbia, os protestos estouraram no mesmo embalo. A população local clamava pela queda do ditador Muamar Kadafi, que mobilizou tropas militares para sufocar a ação dos rebeldes (até o fechamento desta edição, o país vivia uma guerra civil e era alvo de ataques aéreos internacionais).
O efeito dominó, que começou na Tunísia, alcançou Egito e Líbia e impulsionou a situação de tensão e os protestos em vários países do entorno (leia o mapa na página à direita), teve um componente especial. "Embaladas por um sentimento de igualdade, as pessoas pensavam: ‘Sefoi possível em Túnis e Cairo, por que não aqui?’", explica Marcelo de Souza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conhecer esses fatos é importante, mas insuficiente: os estudantes precisam saber como analisar o cenário criticamente.
Encaminhe análises cartográficas sobre os três países de mais destaque. Use mapas políticos, econômicos, de recursos naturais e relacione-os a questões históricas. O petróleo, por exemplo, só passou a ter importância no cenário mundial com o advento da indústria moderna. Depois, ajude a turma a concluir que há várias similaridades entre essas nações e a vizinhança e que elas ajudaram para que a situação chegasse a esse ponto.
■ Economia A riqueza gerada com o petróleo não resulta em melhores condições de vida e distribuição de renda e o desemprego, em alta, impulsiona as taxas de imigração para a Europa.
■ Idioma A predominância do árabe facilita a troca de informação entre as populações e isso proporciona certa dose de reconhecimento entre os povos.
■ Educação O crescente acesso à universidade e informação fornecida pela internet levam a juventude a clamar por mais oportunidades de trabalho e maior liberdade política.
■ Passado colonial A região sofreu com o domínio do Império Otomano (entre 1453 e 1922), a colonização de franceses e ingleses após a Primeira Guerra Mundial e a influência norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial.
Marcos Silva, docente da Universidade de São Paulo (USP), chama a atenção para a chance de esses levantes não serem genuinamente populares. Há a desconfiança de que eles podem ter sido orquestrados por grupos interessados em tomar o poder (mas ainda não é possível identificá-los). "No entanto, é inegável que as mobilizações têm um forte apoio das populações", ele enfatiza.
■ Idioma A predominância do árabe facilita a troca de informação entre as populações e isso proporciona certa dose de reconhecimento entre os povos.
■ Educação O crescente acesso à universidade e informação fornecida pela internet levam a juventude a clamar por mais oportunidades de trabalho e maior liberdade política.
■ Passado colonial A região sofreu com o domínio do Império Otomano (entre 1453 e 1922), a colonização de franceses e ingleses após a Primeira Guerra Mundial e a influência norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial.
Marcos Silva, docente da Universidade de São Paulo (USP), chama a atenção para a chance de esses levantes não serem genuinamente populares. Há a desconfiança de que eles podem ter sido orquestrados por grupos interessados em tomar o poder (mas ainda não é possível identificá-los). "No entanto, é inegável que as mobilizações têm um forte apoio das populações", ele enfatiza.
Por: Elisangela Fernandes.
Fonte: Revista Nova Escola (Abril/2011).
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