O Nordeste não conseguiu, ainda, inserir-se na agenda das grandes questões nacionais, apesar do respaldo político sempre renovado ao governo da República. O sinal mais claro dessa exclusão histórica é o tratamento atribuído ao Bioma Caatinga, até hoje não reconhecido como patrimônio nacional, como ocorre com a Mata Atlântica, a Amazônia brasileira e o Pantanal mato-grossense.
O descuido para com as grandes causas do semiárido é visível, de modo particular, no Congresso Nacional, onde, há 15 anos, tramita a Proposta de Emenda Constitucional nº 504 corrigindo essa falha. Apesar do longo tempo de tramitação, a PEC não avança, nem há interesse demonstrado pelos parlamentares em avançar as etapas burocratizantes do processo legislativo. Nesse ponto, Executivo e Legislativo se nivelam.
A Caatinga corresponde à região semiárida do mundo com a maior biodiversidade, compondo um bioma único por suas peculiaridades. Nem assim, ela conseguiu, até agora, sensibilizar a representação política cearense para impulsionar sua proteção constitucional. Como agravante, a falta de conhecimento dessa realidade ambiental "sui generis" se encarregou de comandar a exploração predatória de seus vastos recursos naturais.
Recentemente, pesquisadores das áreas de ciências da natureza, da Universidade de São Paulo, se deram o trabalho de estimar o hipotético orçamento para custeio da descoberta e descrição formal de todas as espécies de animais da natureza ainda não catalogados. As inversões financeiras, para tanto, se aproximariam do Produto Interno Bruto de Portugal: R$ 430 bilhões. Esse cálculo inicial tem a finalidade de abrir o debate em torno da riqueza desconhecida no campo da fauna.
As primeiras estimativas dos pesquisadores universitários apontam a identificação de dois milhões de animais batizados com a nomenclatura científica, enquanto há cinco milhões de outras espécimes aguardando a caracterização taxonômica. A Caatinga encontra-se, em grande parte, nesse estágio de desconhecimento científico, tanto da fauna como da flora, cuja riqueza, levantada parcialmente pelas primeiras gerações de naturalistas e engenheiros-agrônomos, permitiu o surgimento da agroindústria regional voltada para o mercado externo.
Felizmente, os eventos programados para assinalar, quinta-feira última, o dia nacional da Caatinga, a efeméride não passou em branco. As conferências, os debates e as exposições sobre os estudos da temática retiraram do ambiente de indiferença essa questão relevante para o Nordeste.
Ainda assim, do Bioma Caatinga original, estão extintos mais de 45% de seus recursos originais, fruto da ação humana mediante a adoção da exploração contrária à ordem natural do meio ambiente. A produção científica dos pesquisadores, a educação ambiental e a identificação de riquezas comercialmente lucrativas, sem afetar a natureza, poderão oferecer contribuição capaz de preservar a biodiversidade restante. Isso tudo dependerá de políticas públicas, do engajamento dos centros de saber numa luta continuada e da sociedade para cobrar de quem pode contribuir.
O descuido para com as grandes causas do semiárido é visível, de modo particular, no Congresso Nacional, onde, há 15 anos, tramita a Proposta de Emenda Constitucional nº 504 corrigindo essa falha. Apesar do longo tempo de tramitação, a PEC não avança, nem há interesse demonstrado pelos parlamentares em avançar as etapas burocratizantes do processo legislativo. Nesse ponto, Executivo e Legislativo se nivelam.
A Caatinga corresponde à região semiárida do mundo com a maior biodiversidade, compondo um bioma único por suas peculiaridades. Nem assim, ela conseguiu, até agora, sensibilizar a representação política cearense para impulsionar sua proteção constitucional. Como agravante, a falta de conhecimento dessa realidade ambiental "sui generis" se encarregou de comandar a exploração predatória de seus vastos recursos naturais.
Recentemente, pesquisadores das áreas de ciências da natureza, da Universidade de São Paulo, se deram o trabalho de estimar o hipotético orçamento para custeio da descoberta e descrição formal de todas as espécies de animais da natureza ainda não catalogados. As inversões financeiras, para tanto, se aproximariam do Produto Interno Bruto de Portugal: R$ 430 bilhões. Esse cálculo inicial tem a finalidade de abrir o debate em torno da riqueza desconhecida no campo da fauna.
As primeiras estimativas dos pesquisadores universitários apontam a identificação de dois milhões de animais batizados com a nomenclatura científica, enquanto há cinco milhões de outras espécimes aguardando a caracterização taxonômica. A Caatinga encontra-se, em grande parte, nesse estágio de desconhecimento científico, tanto da fauna como da flora, cuja riqueza, levantada parcialmente pelas primeiras gerações de naturalistas e engenheiros-agrônomos, permitiu o surgimento da agroindústria regional voltada para o mercado externo.
Felizmente, os eventos programados para assinalar, quinta-feira última, o dia nacional da Caatinga, a efeméride não passou em branco. As conferências, os debates e as exposições sobre os estudos da temática retiraram do ambiente de indiferença essa questão relevante para o Nordeste.
Ainda assim, do Bioma Caatinga original, estão extintos mais de 45% de seus recursos originais, fruto da ação humana mediante a adoção da exploração contrária à ordem natural do meio ambiente. A produção científica dos pesquisadores, a educação ambiental e a identificação de riquezas comercialmente lucrativas, sem afetar a natureza, poderão oferecer contribuição capaz de preservar a biodiversidade restante. Isso tudo dependerá de políticas públicas, do engajamento dos centros de saber numa luta continuada e da sociedade para cobrar de quem pode contribuir.
Fonte: Texto publicado na Coluna Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 29/04/11.
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