Seja como pedestre ou motorista, a maioria das pessoas assume posturas agressivas e antissociais quando estão no trânsito. Psicólogos e psiquiatras expõem essa condição humana pouco cidadã
Só de pensar em pôr o pé fora de casa, o estresse toma conta da maioria das pessoas. Seja para quem vai pegar ônibus, dirigir o próprio carro ou andar a pé, as dificuldades a serem enfrentadas fazem com que o mau-humor torne-se inevitável. Estressados e mal-humorados, motoristas acabam por desrespeitar quem estiver pela
frente, e os automóveis passam a ser armas poderosas com as quais descontam toda a ira.
O designer Rodrigo Carmargos confessa ser um homem estressado, porém, quando tem de dirigir, essa característica é acentuada. Indigna-se com a lentidão do trânsito, as más condições das vias e com a falta de educação de muitos motoristas. "Desde a hora em que saio até o momento em que chego em casa eu xingo todo mundo", relata.
Basta um dia de chuva em meio a obras públicas inacabadas para que o trânsito da cidade fique caótico. As pessoas, costumeiramente apressadas, aumentam a exposição ao estresse, e o que podemos ver é uma série de casos de agressões sociais.
Mesmo com o aumento das frotas de veículos, e, consequentemente, de pessoas habilitadas, ruas, avenidas, viadutos e vias de escoamento continuam as mesmas. "Esse fato acaba por gerar os tão indesejáveis engarrafamentos, os quais são situações de empecilho e frustração para o cidadão que, diante de tais obstáculos, tende a reagir com agressividade", explica o presidente da Associação dos Psicólogos de Transito do Ceará, Wagner Queiroz.
Ao entrarem em um carro, muitos motoristas parecem se sentir dotados de um enorme poder e acabam usando-o não só como meio de transporte, mas também como uma forma de se impor socialmente. "O veículo passa a ter um valor simbólico. Concede ao motorista status, e ele se torna alguém poderoso. Acha que é o dono da estrada, se exibe e sente prazer em intimidar", cita o psiquiatra especialista em medicina do tráfego, Dr. George de Castro.
A marca e o tamanho do carro também contribuem para acentuar esse valor agregado ao automóvel. Não importa se é homem ou mulher, o motorista quer se impôr sobre os demais. Acostumado a ver isso todos os dias, Rodrigo Camargo diz perceber que, quanto maior é o carro, mais mal-educado tende a ser o motorista. Mas qual a razão de tanta hostilidade? Por que o trânsito muda tanto as pessoas? No final do século 19, o engenheiro alemão Karl Benz, fundador da Mercedes-Benz, fez uma profecia curiosa: poucos carros seriam vendidos no mundo porque a maioria das pessoas não tinha capacidade de guiar um automóvel.
Texto publicado na Coluna Cidadania do Jornal Diário do Nordeste em 03/04/11.
Só de pensar em pôr o pé fora de casa, o estresse toma conta da maioria das pessoas. Seja para quem vai pegar ônibus, dirigir o próprio carro ou andar a pé, as dificuldades a serem enfrentadas fazem com que o mau-humor torne-se inevitável. Estressados e mal-humorados, motoristas acabam por desrespeitar quem estiver pela
frente, e os automóveis passam a ser armas poderosas com as quais descontam toda a ira.
O designer Rodrigo Carmargos confessa ser um homem estressado, porém, quando tem de dirigir, essa característica é acentuada. Indigna-se com a lentidão do trânsito, as más condições das vias e com a falta de educação de muitos motoristas. "Desde a hora em que saio até o momento em que chego em casa eu xingo todo mundo", relata.
Basta um dia de chuva em meio a obras públicas inacabadas para que o trânsito da cidade fique caótico. As pessoas, costumeiramente apressadas, aumentam a exposição ao estresse, e o que podemos ver é uma série de casos de agressões sociais.
Mesmo com o aumento das frotas de veículos, e, consequentemente, de pessoas habilitadas, ruas, avenidas, viadutos e vias de escoamento continuam as mesmas. "Esse fato acaba por gerar os tão indesejáveis engarrafamentos, os quais são situações de empecilho e frustração para o cidadão que, diante de tais obstáculos, tende a reagir com agressividade", explica o presidente da Associação dos Psicólogos de Transito do Ceará, Wagner Queiroz.
Ao entrarem em um carro, muitos motoristas parecem se sentir dotados de um enorme poder e acabam usando-o não só como meio de transporte, mas também como uma forma de se impor socialmente. "O veículo passa a ter um valor simbólico. Concede ao motorista status, e ele se torna alguém poderoso. Acha que é o dono da estrada, se exibe e sente prazer em intimidar", cita o psiquiatra especialista em medicina do tráfego, Dr. George de Castro.
A marca e o tamanho do carro também contribuem para acentuar esse valor agregado ao automóvel. Não importa se é homem ou mulher, o motorista quer se impôr sobre os demais. Acostumado a ver isso todos os dias, Rodrigo Camargo diz perceber que, quanto maior é o carro, mais mal-educado tende a ser o motorista. Mas qual a razão de tanta hostilidade? Por que o trânsito muda tanto as pessoas? No final do século 19, o engenheiro alemão Karl Benz, fundador da Mercedes-Benz, fez uma profecia curiosa: poucos carros seriam vendidos no mundo porque a maioria das pessoas não tinha capacidade de guiar um automóvel.
Texto publicado na Coluna Cidadania do Jornal Diário do Nordeste em 03/04/11.
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