Existe um consenso no mundo civilizado de que há uma relação direta entre o nível de educação de um povo e a maneira como ele lida com seu lixo. A partir desse conceito, tornam-se extremamente deploráveis os padrões de civilidade e convivência humana nos quais estaria enquadrada uma parcela da população brasileira e, muito em particular, uma minoria refratária dos habitantes de Fortaleza.
Não há como negar a evidência de que o estado quase crônico de sujeira a que se veem relegados os logradouros públicos fortalezenses, desde o deteriorado perímetro central às ruas e praças das chamadas áreas nobres, não decorre apenas da ineficiência do poder público em relação à limpeza urbana. Em lamentável proporção, deve-se também à ausência de bons hábitos no comportamento de seus residentes.
Observa-se que, praticamente, apagam-se as costumeiras distinções por classes sociais, em relação a esse tipo de comportamento predatório e denotador da falta de princípios básicos de educação doméstica. Os detritos e sujeira são lançados às vias públicas tanto das janelas do carro de luxo quanto disseminados pelas coxias e calçadas por vendedores ambulantes e desocupados do Centro.
Parece prevalecer a ideia distorcida de que os encarregados da limpeza pública são pagos para limpar a sujeira jogada levianamente por todos os pontos urbanos; e que só a eles toca a responsabilidade de zelar pela imagem da cidade. Certas pessoas se comprazem em poluir visualmente os espaços públicos mediante o lançamento incontrolável de pontas de cigarro, restos e embalagens de comida, fezes de animais domésticos, sacos plásticos usados e folhetos de propaganda, entre outros agentes da sujeira ambiente. Parece que elas sofrem uma compulsão de estranha "liberdade" nesses atos, sentimento que supostamente lhes redimiria de participação no quadro geral nocivo.
Afirmam os estudiosos do comportamento coletivo que esse desrespeito aos bens públicos, sem falar nos mais agressivos, tais como depredações e pichações, vem desde os tempos do período escravocrata do Brasil Colônia, quando os serviçais acompanhavam a aristocracia com a única finalidade de limpar a sujeira que os integrantes da elite atiravam às calçadas. Passaram-se os tempos, mas a mentalidade continua sem uma evolução significativa, como se o exercício do trabalho de higiene coubesse sempre a terceiros, jamais devendo tocar ao perpetrador de transgressões as primárias normas de um caráter civilizado.
Segundo essa tese, o brasileiro só vê como objeto de responsabilidade a sua própria casa e não admite nenhum senso de dever para com o espaço compartilhado com outros, a partir da calçada de suas próprias residências.
Existem também falhas, e bastante sensíveis, por parte da competência do poder público no setor, mas a população detém igualmente acentuada parcela de culpa. Campanhas sobre o tema serão sempre oportunas, sem nunca se esquecerem de ressaltar que a sujeira também é questão prioritária de saúde pública, desde que é diretamente responsável por inúmeros surtos epidêmicos e diversos tipos de doença que assolam a população.
Fonte: Texto publicado na Coluna Opinão do Jornal Diário do Nordeste em 10/04/11.
Não há como negar a evidência de que o estado quase crônico de sujeira a que se veem relegados os logradouros públicos fortalezenses, desde o deteriorado perímetro central às ruas e praças das chamadas áreas nobres, não decorre apenas da ineficiência do poder público em relação à limpeza urbana. Em lamentável proporção, deve-se também à ausência de bons hábitos no comportamento de seus residentes.
Observa-se que, praticamente, apagam-se as costumeiras distinções por classes sociais, em relação a esse tipo de comportamento predatório e denotador da falta de princípios básicos de educação doméstica. Os detritos e sujeira são lançados às vias públicas tanto das janelas do carro de luxo quanto disseminados pelas coxias e calçadas por vendedores ambulantes e desocupados do Centro.
Parece prevalecer a ideia distorcida de que os encarregados da limpeza pública são pagos para limpar a sujeira jogada levianamente por todos os pontos urbanos; e que só a eles toca a responsabilidade de zelar pela imagem da cidade. Certas pessoas se comprazem em poluir visualmente os espaços públicos mediante o lançamento incontrolável de pontas de cigarro, restos e embalagens de comida, fezes de animais domésticos, sacos plásticos usados e folhetos de propaganda, entre outros agentes da sujeira ambiente. Parece que elas sofrem uma compulsão de estranha "liberdade" nesses atos, sentimento que supostamente lhes redimiria de participação no quadro geral nocivo.
Afirmam os estudiosos do comportamento coletivo que esse desrespeito aos bens públicos, sem falar nos mais agressivos, tais como depredações e pichações, vem desde os tempos do período escravocrata do Brasil Colônia, quando os serviçais acompanhavam a aristocracia com a única finalidade de limpar a sujeira que os integrantes da elite atiravam às calçadas. Passaram-se os tempos, mas a mentalidade continua sem uma evolução significativa, como se o exercício do trabalho de higiene coubesse sempre a terceiros, jamais devendo tocar ao perpetrador de transgressões as primárias normas de um caráter civilizado.
Segundo essa tese, o brasileiro só vê como objeto de responsabilidade a sua própria casa e não admite nenhum senso de dever para com o espaço compartilhado com outros, a partir da calçada de suas próprias residências.
Existem também falhas, e bastante sensíveis, por parte da competência do poder público no setor, mas a população detém igualmente acentuada parcela de culpa. Campanhas sobre o tema serão sempre oportunas, sem nunca se esquecerem de ressaltar que a sujeira também é questão prioritária de saúde pública, desde que é diretamente responsável por inúmeros surtos epidêmicos e diversos tipos de doença que assolam a população.
Fonte: Texto publicado na Coluna Opinão do Jornal Diário do Nordeste em 10/04/11.
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