Este blog é direcionado para os alunos da Escola Municipal Genildo Miranda no Sítio Lajedo em Mossoró-RN, para os alunos da Escola Estadual Rui Barbosa no município de Tibau-RN, para todos aqueles amantes da Educação Geográfica e também para os que se propõem a discussão de uma Educação contextualizada.

sábado, 23 de abril de 2011

Vacina e saneamento

Revelam-se alarmantes os dados em relação ao aumento ocorrido no número de casos de dengue no Brasil: a incidência de disseminação do vírus triplicou no ano passado, em relação a 2009, continuando sua escala ascendente nos primeiros meses do ano em curso. No Ceará, constata-se a maior proporção nacional no aumento da doença, inclusive com registros letais por dengue hemorrágica. Inexistem culpas exclusivas para tão assustadora e inestancável propagação. Ela parte tanto do poder público, por carências notórias nas áreas do saneamento e da saúde, mas também decorre de maus hábitos da população, que insiste em amontoar lixo e água suja em locais públicos e, principalmente, dentro de suas próprias residências. Ressalte-se, como agravante, a alta capacidade de adaptação e sobrevivência do "Aedes aegypti", cada vez se apresentando mais resistente, sob quatro formas diversas.

As redes hospitalares do serviço público, segundo aferição realizada pelo próprio Ministério da Saúde, não estão capacitadas para atender às manifestações mais graves da doença, geralmente diagnosticadas erradamente ou tratadas de maneira inadequada. A demora quanto ao diagnóstico representa outro empecilho, pois o exame mais usado pela rede pública só detecta se o paciente contraiu o vírus uma semana depois de ele apresentar os primeiros sintomas. A confirmação do diagnóstico é um dado de extrema importância, pois os sintomas causados pela contaminação são bastante semelhantes aos de outras doenças.

Outra grave constatação é a de que a maioria dos focos do "Aedes aegypti" se encontra dentro das residências. Inúmeras casas e apartamentos não são visitados porque estão literalmente abandonados, ou porque seus residentes passam o dia todo no trabalho. Mas o caso mais constrangedor ocorre quando o morador não permite a entrada do agente de saúde, alegando temores quanto à onda de insegurança que assola Fortaleza e as próprias cidades interioranas. O descaso em relação aos parques e logradouros públicos é outro óbvio cúmplice da ascendente proliferação de criadouros de larvas do mosquito contaminador. Nesse caso, a população também deve ser orientada para denunciar através da mídia, ou aos órgãos competentes, as áreas de risco a serem atacadas.

Pesquisas sobre uma vacina tetravalente, destinada a imunizar contra os quatro tipos de vírus da dengue, são desenvolvidas no Ceará, mas ainda se ressentem da falta de imprescindíveis recursos financeiros. Enquanto a vacina não chega, a adoção de medidas para controlar e extirpar os focos mais evidentes do mosquito deve partir de uma ação conjunta, a unir tanto os órgãos de saúde quanto todos os segmentos da população. Como se prevê que uma vacina realmente eficaz contra a dengue só terá viabilidade de ser usada dentro de, no mínimo, quatro ou cinco anos, até lá são necessárias ações de grande impacto, sobretudo no campo do saneamento básico, para a disseminação do vírus não vir a assumir aspectos tão devastadores, no Brasil, quanto foram os de outras epidemias e pandemias registradas muito antes de a medicina atingir seu atual patamar de evolução.


Fonte: Texto publicado na Coluna Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 23/04/11.

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