A natureza brasileira foi concebida como um vasto depositário de diversidades ambientais. Nela, o bioma caatinga só cobre 10% do território nacional, mas constitui a mais rica biodiversidade encontrada nas regiões semiáridas do mundo. Em face da ação do homem, o Polígono das Secas, onde ela se localiza, vem sofrendo um secular processo de destruição de sua cobertura vegetal, provocando, em decorrência, o desaparecimento das matas ciliares, dos rios, córregos e riachos, com o esgotamento de seus recursos hídricos.
O desmonte desse bioma começou com o processo de ocupação do Nordeste Seco, expressão cunhada em oposição às manchas verdes da Zona da Mata, onde se iniciou a exploração econômica, na região, com a cultura da cana-de-açúcar, formando um vasto ciclo na economia colonial. O semiárido, por sua vez, usado para o criatório bovino, viu sucumbir a limitada vegetação regional para consolidar a expansão da pecuária e o consumo de madeira da rarefeita população sertaneja. As consequências se agravaram.
Na segunda metade do século XIX, quando mais se acentuavam as estiagens prolongadas pela região, o padre José Antonio Maria Ibiapina, " O Apóstolo do Nordeste", entregava-se à tarefa de socorrer os flagelados, ensinando, ao mesmo tempo, como preservar o meio ambiente: evitar o corte da cobertura vegetal, reservar as águas dos períodos chuvosos, proteger os mananciais e praticar um processo rudimentar de reflorestamento com o uso das espécies vegetais nativas.
Quem pôs em prática seus ensinamentos viu, posteriormente, os efeitos benéficos de sua pregação em favor do meio nordestino. O Padre Cícero Romão Batista, um de seus seguidores, se encarregou de prosseguir nessa tarefa, difundindo, entre os sertanejos, um decálogo pela preservação da riqueza natural.
Contudo, essa pregação foi insuficiente para inibir a cultura do corte das árvores, do uso da madeira como fonte de renda transformada em lenha e do esgotamento das fontes d´água.
A caatinga destaca-se como o mais ameaçada e desprotegido dentre os ecossistemas brasileiros, correndo o risco de desaparecer. O Ceará oferece sinais visíveis dessa ameaça de desastre ambiental, com 40% da vegetação nativa destruída.
No País, 20 municípios lideram o desmatamento de seus biomas nativos. Nessa corrida nefasta, o Ceará concorre com sete, onde o contínuo processo de derrubada de suas manchas verdes sinaliza para um futuro de redução do regime de chuvas, de secas mais intensas e da crescente desertificação. Já alcançaram esse estágio as regiões de Irauçuba, dos Inhamuns e do médio Jaguaribe.
Contudo, surge uma oportunidade de atenuar esse quadro com a execução do projeto "No Clima da Caatinga", prevendo o reflorestamento de áreas do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús. Considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como de alta importância, a área, com 36 mil hectares, irá contribuir para reduzir a emissão de CO ² com a conservação de suas reservas ambientais. A preservação do verde está associada a novas tecnologias, educação ambiental, geração de renda e qualidade de vida.
Fonte: Texto publicado na coluna Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 01/04/11.
O desmonte desse bioma começou com o processo de ocupação do Nordeste Seco, expressão cunhada em oposição às manchas verdes da Zona da Mata, onde se iniciou a exploração econômica, na região, com a cultura da cana-de-açúcar, formando um vasto ciclo na economia colonial. O semiárido, por sua vez, usado para o criatório bovino, viu sucumbir a limitada vegetação regional para consolidar a expansão da pecuária e o consumo de madeira da rarefeita população sertaneja. As consequências se agravaram.
Na segunda metade do século XIX, quando mais se acentuavam as estiagens prolongadas pela região, o padre José Antonio Maria Ibiapina, " O Apóstolo do Nordeste", entregava-se à tarefa de socorrer os flagelados, ensinando, ao mesmo tempo, como preservar o meio ambiente: evitar o corte da cobertura vegetal, reservar as águas dos períodos chuvosos, proteger os mananciais e praticar um processo rudimentar de reflorestamento com o uso das espécies vegetais nativas.
Quem pôs em prática seus ensinamentos viu, posteriormente, os efeitos benéficos de sua pregação em favor do meio nordestino. O Padre Cícero Romão Batista, um de seus seguidores, se encarregou de prosseguir nessa tarefa, difundindo, entre os sertanejos, um decálogo pela preservação da riqueza natural.
Contudo, essa pregação foi insuficiente para inibir a cultura do corte das árvores, do uso da madeira como fonte de renda transformada em lenha e do esgotamento das fontes d´água.
A caatinga destaca-se como o mais ameaçada e desprotegido dentre os ecossistemas brasileiros, correndo o risco de desaparecer. O Ceará oferece sinais visíveis dessa ameaça de desastre ambiental, com 40% da vegetação nativa destruída.
No País, 20 municípios lideram o desmatamento de seus biomas nativos. Nessa corrida nefasta, o Ceará concorre com sete, onde o contínuo processo de derrubada de suas manchas verdes sinaliza para um futuro de redução do regime de chuvas, de secas mais intensas e da crescente desertificação. Já alcançaram esse estágio as regiões de Irauçuba, dos Inhamuns e do médio Jaguaribe.
Contudo, surge uma oportunidade de atenuar esse quadro com a execução do projeto "No Clima da Caatinga", prevendo o reflorestamento de áreas do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús. Considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como de alta importância, a área, com 36 mil hectares, irá contribuir para reduzir a emissão de CO ² com a conservação de suas reservas ambientais. A preservação do verde está associada a novas tecnologias, educação ambiental, geração de renda e qualidade de vida.
Fonte: Texto publicado na coluna Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 01/04/11.
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