Nesse primeiro momento das pesquisas, as escavações no Araripe permanecem até o próximo sábado. Esse é o começo de um estudo que irá durar três anos ELIZÂNGELA SANTOS |
Os fósseis de maior relevância que forem encontrados vão ficar no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri
Araripe Pesquisadores de várias universidades brasileiras e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se encontram no Cariri para realizar a maior escavação paleontológica controlada do Nordeste. A pesquisa está sendo coordenada pela Universidade Regional do Cariri (Urca). O trabalho foi iniciado no Riacho Grande, localidade do Município de Araripe. Esse é o começo de um estudo que irá durar três anos, por meio de projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Nacional (CNPq), com apoio do Geopark Araripe. As áreas pouco exploradas da região são o foco da pesquisa e há possibilidades de achados de fósseis de dinossauros, como os pterossauros.
São 20 pesquisadores, entre estudantes de graduação, pós-graduação e professores. Nessa primeira etapa dos trabalhos, os integrantes da equipe permanecem na região até o próximo sábado. Deverão ser coletados na área da Baixa Grande cerca de 4 mil fósseis, que serão direcionados, segundo o coordenador das pesquisas, o professor doutor Álamo Feitosa, também coordenador executivo do Geopark Araripe, às escolas públicas do Município, para auxiliar na didática das atividades escolares. Ele classifica esse momento como um marco na pesquisa paleontológica da região.
Também está acompanhando os trabalhos um dos maiores pesquisadores da área, que fez descobertas importantes relacionadas aos pterossauros do Araripe e apresentou o resultado do trabalho para a comunidade científica mundial. O professor e cientista, Alex Kellner, do Museu Nacional, destaca a importância do desenvolvimento científico na região e que os fósseis de maior relevância nas pesquisas que forem encontrados vão permanecer na região e serão expostos no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, e não como ocorria em outros momentos, já que o material antes era levado para outras instituições, a exemplo do próprio Museu Nacional, que hoje contém diversos achados paleontológicos do Araripe.
Alex Kellner explica que a escavação controlada significa procura dos fósseis de acordo com os níveis das rochas, em que se consegue documentar em qual delas foi encontrado o tipo de fóssil. "Isso nos dá condições de correlacionar os diferentes níveis fossilíferos", frisa o professor. Ele afirma que o objetivo é encontrar no local um grande número de fósseis e dizer de qual coluna estratigráfica é, das diferentes camadas.
Distribuição
Segundo o professor Álamo, as peças que serão distribuídas nas escolas são aquelas mais comuns e que já foram estudadas. Normalmente, as chamadas pedras de peixes. O material também será direcionado a órgãos como o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O trabalho está sendo documento pela cineasta Lara Velho, que vem acompanhando o cientista Kellner há vários anos, e também pela revista internacional National Geographic. Lara já chegou a produzir documentários sobre paleontologia na Antártida, nos Estados do Mato Grosso, Minas Gerais e outras regiões do Brasil.
De acordo com Álamo, o projeto junto com o CNPq foi firmado entre a Urca e o Museu Nacional. A coordenação é da Urca, com apoio da UFRJ e depois entrou como parceira a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Especialistas de várias áreas da paleontologia compõem a equipe, desde a reconstituição paleoambiental, que é a sua especialidade, até áreas de dinossauros e crocodilos.
Exploração
Ele destaca que a parte leste da Bacia do Araripe, incluindo Municípios como Crato, Barbalha e Jardim, sempre foi muito explorada em termos de paleontologia, desde 1800, com a primeira citação de João da Silva Feijó. No século XX, também houve muitos trabalhos, mas como há uma subdivisão em sub-bacia leste, conforme Álamo, fica o questionamento se é a mesma coisa em termos de composição faunística. "Então, estamos tentando verificar de onde vinha o contato do lago Araripe com águas marinhas. Hoje, vemos que a grande possibilidade seja pela Bacia Piauí/Maranhão, ou seja, pela parte oeste", explica o coordenador.
Ele acrescenta que isso só será possível por meio de escavações planejadas que vão acontecer em Araripe, depois uma parte de Campos Sales, perto da Chapada, em Salitre e Potengi, até chegar ao Piauí, na parte mais oeste, na área de Caldeirão Grande.
Uma das propriedades importantes que pode facilitar as novas descobertas é que os pesquisadores estão atuando na borda do lago, ou seja, segundo Álamo, os fósseis estão em cima do embasamento cristalino, da rocha do assoalho, o chão do lago. "Isso aumenta muito a possibilidade de encontrar animais que não habitavam o lago, mas estavam nas proximidades como dinossauros, da espécie pterossauros, crocodilos e outros seres que eventualmente pudessem se encontrar por perto", diz o professor. A pesquisa, então, inicia na parte leste e vai até o final da parte oeste, como forma de traçar um comparativo dos perfis. Em uma primeira prospecção na área, já foram encontradas tartarugas. O mais raro, de acordo com os estudiosos, seriam as criaturas voadoras, no caso dos pterossauros.
MAIS INFORMAÇÕES
Escritório Geopark Araripe/Urca - Rua Teófilo Siqueira, 754, Centro
Município do Crato (CE)
Telefone: (88) 3102.1237
Elizângela Santos (Repórter)
EDUCAÇÃO
Fósseis servirão como fontes didáticas
Araripe Um dos grandes resultados da escavação paleontológica controlada, realiza no Cariri, será o ganho para a pesquisa científica e o turismo da região. É que as peças fósseis encontradas para estudos ao longo das pesquisas permanecerão na região, e até servirão como fontes didáticas para estudantes de escolas públicas, nos Municípios onde ocorrem as escavações. Somente esta semana, devem ser encontrados cerca de 4 mil peças fossilizadas, principalmente de peixes, que serão repassados para várias instituições.
Segundo o chefe da equipe de pesquisadores, Álamo Feitosa, como será um grande volume de material, desde fezes de peixes até peixes completos, muita coisa repetida e que já foi bem estudada, haverá doação para Araripe, o laboratório do Museu de Paleontologia, DNPM, e parte do que já foi estudados para o Museu Nacional. Caso tenha algo raro, fica no Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri.
Álamo afirma que, neste momento, se está montando uma equipe, inclusive com alunos, que ele vem orientando, e pesquisadores. Esse esforço poderá resultar em uma equipe de pelo menos 10 doutores na área para os próximos 10 anos. Serão estudiosos nas mais diversas áreas. Ele é o primeiro doutor da paleontologia da região. "Vi nos últimos três anos que a gente tem que formar pesquisadores do Cariri, para que ele se intitule e tenha conhecimento e isso irá garantir a pesquisa na região, em uma das bacias paleontológicas sedimentares mais importantes do mundo", ressalta. E para isso, segundo ele, se requer investimentos e pessoas qualificadas.
O projeto a ser desenvolvido nos próximos anos é no valor de R$ 130 mil. Já é um grande apoio, já que antes não se podia desenvolver grandes escavações, em virtude da falta de recursos. Para Álamo, esse é um passo significativo.
Centro de pesquisa
Agora, com a disponibilidade de um trator, isso facilita mais os trabalhos, e pela primeira vez, a Urca está à frente de uma equipe de pesquisadores. "Isso transforma a região em importante centro de pesquisa", diz. Recentemente foi realizado curso de preparação de fósseis da região, incluindo alunos da UFPE. Ele acrescenta que hoje a região está em um patamar respeitado em termos de pesquisa em paleontologia, com boa produção científica e cursos.
Alex Kellner, que iniciou sua pesquisa na área do Araripe em 1984, afirma que essa é uma das principais e mais ricas áreas fossilíferas do Brasil. "Infelizmente, é uma área que sofre devido à escavação desordenada, o comércio". O grande diferencial, segundo ele, são as escavações controladas. "Acredito que essas escavações vão render muito mais informações do que as antes realizadas".
Araripe Pesquisadores de várias universidades brasileiras e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se encontram no Cariri para realizar a maior escavação paleontológica controlada do Nordeste. A pesquisa está sendo coordenada pela Universidade Regional do Cariri (Urca). O trabalho foi iniciado no Riacho Grande, localidade do Município de Araripe. Esse é o começo de um estudo que irá durar três anos, por meio de projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Nacional (CNPq), com apoio do Geopark Araripe. As áreas pouco exploradas da região são o foco da pesquisa e há possibilidades de achados de fósseis de dinossauros, como os pterossauros.
São 20 pesquisadores, entre estudantes de graduação, pós-graduação e professores. Nessa primeira etapa dos trabalhos, os integrantes da equipe permanecem na região até o próximo sábado. Deverão ser coletados na área da Baixa Grande cerca de 4 mil fósseis, que serão direcionados, segundo o coordenador das pesquisas, o professor doutor Álamo Feitosa, também coordenador executivo do Geopark Araripe, às escolas públicas do Município, para auxiliar na didática das atividades escolares. Ele classifica esse momento como um marco na pesquisa paleontológica da região.
Também está acompanhando os trabalhos um dos maiores pesquisadores da área, que fez descobertas importantes relacionadas aos pterossauros do Araripe e apresentou o resultado do trabalho para a comunidade científica mundial. O professor e cientista, Alex Kellner, do Museu Nacional, destaca a importância do desenvolvimento científico na região e que os fósseis de maior relevância nas pesquisas que forem encontrados vão permanecer na região e serão expostos no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, e não como ocorria em outros momentos, já que o material antes era levado para outras instituições, a exemplo do próprio Museu Nacional, que hoje contém diversos achados paleontológicos do Araripe.
Alex Kellner explica que a escavação controlada significa procura dos fósseis de acordo com os níveis das rochas, em que se consegue documentar em qual delas foi encontrado o tipo de fóssil. "Isso nos dá condições de correlacionar os diferentes níveis fossilíferos", frisa o professor. Ele afirma que o objetivo é encontrar no local um grande número de fósseis e dizer de qual coluna estratigráfica é, das diferentes camadas.
Distribuição
Segundo o professor Álamo, as peças que serão distribuídas nas escolas são aquelas mais comuns e que já foram estudadas. Normalmente, as chamadas pedras de peixes. O material também será direcionado a órgãos como o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O trabalho está sendo documento pela cineasta Lara Velho, que vem acompanhando o cientista Kellner há vários anos, e também pela revista internacional National Geographic. Lara já chegou a produzir documentários sobre paleontologia na Antártida, nos Estados do Mato Grosso, Minas Gerais e outras regiões do Brasil.
De acordo com Álamo, o projeto junto com o CNPq foi firmado entre a Urca e o Museu Nacional. A coordenação é da Urca, com apoio da UFRJ e depois entrou como parceira a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Especialistas de várias áreas da paleontologia compõem a equipe, desde a reconstituição paleoambiental, que é a sua especialidade, até áreas de dinossauros e crocodilos.
Exploração
Ele destaca que a parte leste da Bacia do Araripe, incluindo Municípios como Crato, Barbalha e Jardim, sempre foi muito explorada em termos de paleontologia, desde 1800, com a primeira citação de João da Silva Feijó. No século XX, também houve muitos trabalhos, mas como há uma subdivisão em sub-bacia leste, conforme Álamo, fica o questionamento se é a mesma coisa em termos de composição faunística. "Então, estamos tentando verificar de onde vinha o contato do lago Araripe com águas marinhas. Hoje, vemos que a grande possibilidade seja pela Bacia Piauí/Maranhão, ou seja, pela parte oeste", explica o coordenador.
Ele acrescenta que isso só será possível por meio de escavações planejadas que vão acontecer em Araripe, depois uma parte de Campos Sales, perto da Chapada, em Salitre e Potengi, até chegar ao Piauí, na parte mais oeste, na área de Caldeirão Grande.
Uma das propriedades importantes que pode facilitar as novas descobertas é que os pesquisadores estão atuando na borda do lago, ou seja, segundo Álamo, os fósseis estão em cima do embasamento cristalino, da rocha do assoalho, o chão do lago. "Isso aumenta muito a possibilidade de encontrar animais que não habitavam o lago, mas estavam nas proximidades como dinossauros, da espécie pterossauros, crocodilos e outros seres que eventualmente pudessem se encontrar por perto", diz o professor. A pesquisa, então, inicia na parte leste e vai até o final da parte oeste, como forma de traçar um comparativo dos perfis. Em uma primeira prospecção na área, já foram encontradas tartarugas. O mais raro, de acordo com os estudiosos, seriam as criaturas voadoras, no caso dos pterossauros.
MAIS INFORMAÇÕES
Escritório Geopark Araripe/Urca - Rua Teófilo Siqueira, 754, Centro
Município do Crato (CE)
Telefone: (88) 3102.1237
Elizângela Santos (Repórter)
EDUCAÇÃO
Fósseis servirão como fontes didáticas
Araripe Um dos grandes resultados da escavação paleontológica controlada, realiza no Cariri, será o ganho para a pesquisa científica e o turismo da região. É que as peças fósseis encontradas para estudos ao longo das pesquisas permanecerão na região, e até servirão como fontes didáticas para estudantes de escolas públicas, nos Municípios onde ocorrem as escavações. Somente esta semana, devem ser encontrados cerca de 4 mil peças fossilizadas, principalmente de peixes, que serão repassados para várias instituições.
Segundo o chefe da equipe de pesquisadores, Álamo Feitosa, como será um grande volume de material, desde fezes de peixes até peixes completos, muita coisa repetida e que já foi bem estudada, haverá doação para Araripe, o laboratório do Museu de Paleontologia, DNPM, e parte do que já foi estudados para o Museu Nacional. Caso tenha algo raro, fica no Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri.
Álamo afirma que, neste momento, se está montando uma equipe, inclusive com alunos, que ele vem orientando, e pesquisadores. Esse esforço poderá resultar em uma equipe de pelo menos 10 doutores na área para os próximos 10 anos. Serão estudiosos nas mais diversas áreas. Ele é o primeiro doutor da paleontologia da região. "Vi nos últimos três anos que a gente tem que formar pesquisadores do Cariri, para que ele se intitule e tenha conhecimento e isso irá garantir a pesquisa na região, em uma das bacias paleontológicas sedimentares mais importantes do mundo", ressalta. E para isso, segundo ele, se requer investimentos e pessoas qualificadas.
O projeto a ser desenvolvido nos próximos anos é no valor de R$ 130 mil. Já é um grande apoio, já que antes não se podia desenvolver grandes escavações, em virtude da falta de recursos. Para Álamo, esse é um passo significativo.
Centro de pesquisa
Agora, com a disponibilidade de um trator, isso facilita mais os trabalhos, e pela primeira vez, a Urca está à frente de uma equipe de pesquisadores. "Isso transforma a região em importante centro de pesquisa", diz. Recentemente foi realizado curso de preparação de fósseis da região, incluindo alunos da UFPE. Ele acrescenta que hoje a região está em um patamar respeitado em termos de pesquisa em paleontologia, com boa produção científica e cursos.
Alex Kellner, que iniciou sua pesquisa na área do Araripe em 1984, afirma que essa é uma das principais e mais ricas áreas fossilíferas do Brasil. "Infelizmente, é uma área que sofre devido à escavação desordenada, o comércio". O grande diferencial, segundo ele, são as escavações controladas. "Acredito que essas escavações vão render muito mais informações do que as antes realizadas".
Fonte: Coluna Regional do Jornal Diário do Nordeste.
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