Fortaleza  O Ceará é pioneiro no Brasil na produção de mudas híbridas de coqueiro.  Na Fazenda Cohibra, localizada em Icaraizinho, no Município de  Amontada, está implantado um projeto de melhoramento genético do  coqueiro, que tem como objetivo fabricar mudas para um mercado que tem  crescido nos últimos anos. De acordo com o diretor executivo da empresa,  Laerte Gurgel, para se ter uma ideia, há cinco anos, o mercado de água  de coco representava 1,4% do mercado de refrigerantes e isotônicos - o  que equivale a US$ 10 bilhões de dólares. “Agora, é de 3,5%, com a venda  de 350 milhões de litros de água de coco”.
Apenas a Empresa  Cohibra produz esse tipo de muda que, de acordo com Laerte, dá origem a  coqueiros que servem tanto para o simples consumo de água como para a  indústria de alimento e química fina (como cosméticos e farmacológica). A  venda é realizada para empresas de vários Estados brasileiros e já está  em curso o atendimento para as exigências fitossanitárias. A meta é  exportar para o México, Jamaica e Nicarágua. 
“Já comercializamos  as mudas para 15 Estados brasileiros com um total superior a mais de  1,5 milhão de mudas desde a criação da fazenda, em 1995”. Os clientes da  Cohibra estão distribuídos em 15 Estados, que juntos chegam a 4.440,375  hectares explorados e cerca de 710.460 mudas híbridas/ano.
As  mudas híbridas de coqueiro são feitas a partir do cruzamento entre o  coqueiro gigante do Brasil com anões verdes do Brasil de Jiqui, amarelo e  vermelho de Gramame e vermelho de camarões. Outra vantagem deste  melhoramento, conforme ele, é que o coqueiro tem vida de até 70 anos e  cada planta dá até 200 frutos por ano. Na Fazenda Cohibra existem 10 mil  plantas matrizes anões e 1200 plantas matrizes dos gigantes.
Produção
A  produção anual, até o momento, é de 600 mil mudas. Entretanto, a  expectativa só tem crescido. “Para 2012, nossa meta é de 1,5 milhão e  para 2013, 2,5 milhões. Se houver encomendas de mudas agora, só tenho  como entregar daqui um ano”, salientou Laerte.
Estes  crescimentos, conforme o diretor, se devem à presença de multinacionais  no Brasil. “Duas grandes multinacionais compraram áreas e vão investir  em produção de água de coco, além delas, existem mais outras empresas, a  Aurantiac, na Bahia, com previsão de plantar 1 milhão de mudas para  produzir mantas de fibras para estofados de carro, substrato, óleo e  água de coco; e, no Ceará, a empresa italiana Unique, que está plantando  um hectare de coqueiro para fabricar água e óleo de coco”. O mercado de  água de coco, salienta o diretor, vem crescendo 18% ao ano. “Estima-se  que, em 10 anos, sejam necessários 600 mil hectares de coqueiros para  atender à demanda. No Brasil, atualmente, existem 60 mil hectares para  produção de água de coco. Neste setor, em 2010, o mundo faturou US$ 500  milhões. Não existe matéria-prima”.
Mundo
O  Brasil será um dos maiores produtores de coco do mundo nos próximos 20  anos, conforme estimativa de Laerte Gurgel. Atualmente, os maiores  produtores são Indonésia, Filipinas, Índia e Sirilanka. No entanto,  conforme informou o diretor, os coqueiros de lá já têm 50 ou 60 anos.  “Já estão em plena decadência. Como são países pobres, não tem  capacidade de investimentos em tecnologia como nós temos. Além disso, o  Nordeste brasileiro tem um ambiente propício para cultivar o coqueiro  irrigado. O melhoramento genético trará o grande diferencial”.
Laerte  Gurgel ainda lembrou que, nestes países, cada planta produz por ano 50  frutos, enquanto que as plantas com mudas híbridas já estão produzindo  200. “Isso mostra nossa grande diferença”, salientou. As sementes e  mudas da empresa têm origem certificada e registro no Renasem, junto ao  Ministério da Agricultura.
MAIS INFORMAÇÕES
Cohibra -Tecnologia em coqueiros híbridos. Rua Marcos Macedo, 140, Aldeota, Fortaleza
http://www.cohibra.com.br 
Inovação
Vantagens ampliam mercado para venda
O  coqueiro híbrido tem algumas vantagens. Quando verde, pode ser  comercializado para o consumo de água de coco com as mesmas  características do anão, com as vantagens de possuir maior rusticidade,  maior tamanho do fruto e maior quantidade de água. Quando seco, pode ser  comercializado para a indústria alimentícia e culinária, em razão do  seu alto índice de gordura, com vantagens sobre o gigante, por possuir  maior precocidade, maior produtividade, menor porte, maior número de  plantas por área plantada facilitando, assim, a colheita.
A  Fazenda Cohibra está localizada no Município de Amontada, a 163  quilômetros da Capital cearense. Vem estudando a cultura do coco desde  1979. Nesta época, a empresa foi visitar o então maior Instituto de  Pesquisa da Cultura de Coco no mundo, o Institut de Recherches Por Les  Huiles et Oléasineux-France (IRHO), atualmente, Centre International de  Recherche Agronomique pour le Dévelopment. 
Em 1987, foram  estabelecidos campos de matrizes de gigante do Brasil da Praia do Forte,  na Bahia, em área de 10ha (esse campo é utilizado como banco de pólen  para os cruzamentos das plantas), e de anão amarelo do Brasil de Gramame  e anão vermelho do Brasil de Gramame em áreas de 10ha cada. 
O  início da produção efetiva de sementes híbridas comerciais de coqueiro  aconteceu no ano de 1995, por meio de uma parceria com a Embrapa  Tabuleiros Costeiros. Em 1997, foi estabelecido um campo matriz de anão  verde do Brasil de Jiqui em área de 10 hectares, população essa  prospectada e indicada pela Embrapa Tabuleiros Costeiros.
No ano  de 2000, esse campo foi ampliado para 30 hectares. Já em 2002, houve o  estabelecimento de campo de matriz de anão vermelho de Camarões em área  de 2 hectares. Em 2008, a Cohibra efetuou cruzamentos de anão verde do  Brasil de Jiqui x anão vermelho de Camarões. O intuito era estabelecer,  em 2010, campo de matriz em área de 5 hectares com esse híbrido simples,  com o objetivo de, no ano de 2013, produzir o híbrido triplo (anão  verde do Brasil de Jiqui x anão vermelho de Camarões) x gigante do  Brasil da Praia do Forte (BA). 
Hoje, a Cohibra produz 150 mil  sementes por ano, com seu campo de expansão para produzir 1 milhão ao  ano até 2012 atendendo uma área de plantio de 6.250ha/ano.
Centro de pesquisa
No  Ceará, possue 150 funcionários, 120 só destinados para a hibridação.  “Temos engenheiro agrônomo com doutorado na área, Wilson Aragão, seis  tecnólogos com formação em fruticulturas e irrigação”, destacou o  diretor executivo, Laerte Gurgel. Disse que lá existe o Centro de Apoio à  Pesquisa e Inovação Tecnológica com laboratório e produção de pólen. “É  uma produção muito cara, complexa e delicada. Temos 15 parceiros na  área de cadeia produtiva e dez pesquisadores para o desenvolvimento da  cadeia produtiva”. A fazenda tem 1500ha, destes 300 são destinados para  as matrizes. “Cada coqueiro tem que ficar com uma distância de 1  quilômetro um do outro”. 
Fique por dentro
Novos espaços
Atualmente,  a maior parte dos plantios é de coqueiros da variedades gigante e anã.  Mas, nos últimos anos, o coqueiro híbrido tem conquistado espaço. Com a  implantação de 30 mil hectares distribuídos por todo o País, dos 300 mil  coqueiros plantados, 10% são híbridos. O coqueiro híbrido resulta do  cruzamento controlado tecnologicamente entre os coqueiros anões  amarelos, vermelhos e verdes com os gigantes do Brasil (Praia do Forte -  BA), do Oeste Africano e da Polinésia. O coqueiro híbrido tecnificado  atinge em média 150 a 180 frutos/ planta por ano, tendo seu início de  produção em nível comercial a partir de três anos nas condições ideais  de tecnologia. As vantagens em relação ao coqueiro gigante e ao anão são  devido, principalmente, a sua dupla utilização.
Evelane Barros
Subeditora do Regional
 Fonte: Coluna Regional do Jornal Diário do Nordeste.